Pesquisadores vão testar eficácia de medicamentos para HIV e hepatite C contra covid

Os efeitos de medicamentos para o tratamento do HIV e da hepatite C em pacientes com quadros moderados do novo coronavírus serão estudados a partir deste mês por pesquisadores do grupo Coalizão Covid Brasil, que reúne hospitais e institutos de pesquisa do País. O objetivo é verificar o potencial das substâncias - que já se mostraram eficazes para a redução da carga viral em testes in vitro feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - em pacientes internados, mas que não evoluíram para as formas mais graves da doença. Pouco mais de mil pacientes devem participar da pesquisa, que deve ter os resultados divulgados em dezembro.

Pacientes de 35 centros de regiões onde a doença está em ascensão serão escolhidos por sorteio e divididos em grupos que vão receber atazanavir, indicado para o HIV, uma combinação de sofosbuvir com daclatasvir ou apenas o daclatasvir, estes dois últimos são remédios usados em pacientes com hepatite C. Participantes também vão receber placebo e será um estudo duplo cego: nem os pacientes nem os pesquisadores vão saber quais medicamentos foram utilizados ou se era placebo. 

"Esta etapa da pesquisa começou a partir da ideia de estudar antivirais, porque essas substâncias se mostraram eficazes como alternativa ao remdesivir, usado para o ebola e que diminuiu a gravidade da doença, mas que é extremamente caro, não temos no Brasil e a patente ainda não foi quebrada. Esses são medicamentos baratos e a gente busca achar uma medicação que seja viável para a população em massa", explica Israel Maia, pesquisador do HCor e membro do grupo, que engloba o Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). A pesquisa será feita em parceria com a Fiocruz.

No estudo, os pesquisadores querem verificar a eficácia dos tratamentos para reduzir a carga viral e se os pacientes apresentaram melhora por meio da análise do número de dias que eles permaneceram sem necessidade de suporte respiratório. 

"A gente chegou a um desenho mais robusto e, em vez de estudar só uma substância, vamos fazer três estudos ao mesmo tempo, respondendo, em uma sequência, se tem ação contra o Sars coV-1, se é seguro e se melhora os desfechos clínicos. Até dezembro, vamos saber qual antiviral faz mais efeito." A expectativa é de que até 1.012 pacientes participem do estudo.

Fonte: Estadão