Empresa que produzia as vacinas ligadas ao surto de meningite apresentava problemas de higiene

 

A empresa farmacêutica que produzia injeções de esteroides contaminadas, ligadas a uma epidemia de meningite que já deixou 24 mortos nos Estados Unidos, apresentava graves problemas de higiene, indicaram nesta quarta-feira autoridades sanitárias do país. "Investigadores descobriram que os processos de esterilização da empresa de preparação de fármacos New England Compounding Center (NECC) não eram realizados seguindo as normas existentes", disse Madeleine Biondolillo, chefe do Departamento de Saúde de Massachusetts.

Em entrevista coletiva à imprensa, Biondolilo afirmou que os registros mostram que a NECC não esterilizava sistematicamente os produtos durante o tempo mínimo necessário e não verificava de forma regular o bom funcionamento e a manutenção dos equipamentos, em particular os de esterilização. Além disso, segundo ela, a empresa havia despachado os lotes de esteroides suspeitos de estarem contaminados antes mesmo de ter obtido os resultados de seus testes confirmando que as injeções estavam bem esterilizadas. "O medicamento era enviado até 11 dias antes de os resultados serem recebidos", disse.

Biondolillo também afirmou que, no começo de outubro, os investigadores encontraram partículas negras em várias das ampolas que continham esteroides. Essas ampolas foram reenviadas à NECC depois da ordem para que a empresa retirasse todos os seus produtos — ou seja, 17.000 doses em 23 estados. 

No entanto, segundo Biondolilo, os resultados desta investigação são ainda preliminares e ainda não identificaram de forma conclusiva a causa da epidemia. A NECC encerrou suas atividades e demitiu a maior parte de seus funcionários.

Surto — Segundo dados divulgados pelo Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão de saúde dos Estados Unidos, o surto de meningite fúngica ligado às injeções contaminadas já afetou 313 pessoas no país. O estado americano mais afetado é o Tennessee, onde o número de vítimas fatais chega a oito. No entanto, mais de 14.000 pessoas em 23 estados podem ter recebido as injeções contaminadas, inicialmente destinadas a tratar de dores nas costas, segundo dados do Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regula medicamentos.